11 de janeiro de 2013

Demais.



Então eu estava certa. Estava certa todas as vezes que te falei: "Sobre você.. Eu te amo demais!" Eu já não lembrava do hábito. Mas minha mania de remexer no passado, nas lembranças palpáveis, me trouxe de volta minha declaração clichê pra você. Era assim que eu te escrevia. No fim da frase, sobre você, eu sempre soube. Te amava demais. Demais. E faz todo sentido. Demais não é bom. Não pode ser bom. As coisas precisam ser na medida certa, precisam ter uma medida certa. Demais nunca é bom. Quem come demais acaba engordando, quem faz regime demais acaba ficando doente, que bebe demais acaba arrumando confusão, quem dança demais ganha dor muscular no dia seguinte, quem lê demais fica com dor de cabeça, quem digita demais tem tendinite. Demais nunca é bom mesmo. Quem ama demais, se entrega demais, é feliz demais, tudo de uma vez. Tão demais que nem sobra pra depois. E aí sofre demais, chora demais, sente saudades demais. Demais não pode ser bom. Eu deveria saber disso. Porque depois de amar demais é difícil seguir em frente. Depois de amar demais parece impossível ser livre de novo. Porque amar demais marca demais, machuca demais e depois faz ter medos demais. E como a gente faz pra ser menos de novo? Eu não sei. Mas sobre você, ficaram incertezas demais. Demais não é bom. Nunca é bom.


- Porque eu resolvi seguir um sábio conselho, e colocar todo esse sentimento que não consigo nomear, em palavras, terminar e publicar todos os textos que estão incabados em rascunhos, e tentar acabar de vez com essa 'tristeza', que parece que nunca tem fim do lado de dentro. Não basta a alegria de fora, que eu reencontre a alegria de dentro. Mas antes, vamos lavar a alma. Do melhor jeito que sei fazer. Escrevendo.

(...)

3 de janeiro de 2013

Que nunca chegou a ser.



Sol, calor, compromissos e um trânsito de tirar a paciência de qualquer um. Olhava o nada pelo vidro da janela, quando alguma coisa me fez parar. Parar de respirar, parar de ouvir qualquer coisa ao meu redor. E um filme quase sem sentido,passou rápido pela minha mente. O prédio de pé. E um relógio girou na minha cabeça, dando voltas e voltas, me lembrando que o tempo passou pra nós. Eu nem vi, mas lá se foi o tempo, os nossos sonhos e boa parte de mim. O prédio estava ali, de pé, pronto pra receber acabamentos, cores e moradores. Seríamos um desses, se tudo tivesse ocorrido como esperávamos naquela noite em que assinamos o contrato de compra, e saímos pra jantar em comemoração. O riso fluía livre, e meu coração tentava não voar fora de mim de tanta expectativa. Era o começo de um sonho, de uma vida futura e talvez incrível. Que nunca chegou a ser. Dormimos juntos naquela noite, trocamos nossos corpos, nossas respirações, nossas juras de amor. Em mim ficou guardada cada frase que saiu da sua boca bonita, cada sorriso de conquista seu. Em mim ficou guardado o sentimento, que nunca mais vi igual. Fechei os olhos, e a imagem do terreno ainda apenas aplanado, pronto pra receber o alicerce, se formou na minha memória. Não faz tanto tempo pra mim. Mas já faz muito tempo. O prédio ganhou altura, ganhou vida e está bem perto de ser concluído. Imaginei a alegria dos que estão esperando por ele pra realizar um sonho, talvez tão cheio de amor como o nosso. Que nunca chegou a ser. Abri os olhos e senti as lágrimas escorrerem pelo rosto, me lembrando que ainda sinto, que sinto muito por tudo que quase fomos, pelo que quase conquistamos. Que sinto de verdade uma saudade sem medidas de tudo que fomos dentro do meu coração. Tão grande, tão alto, tão frágil, tão fácil de quebrar, fácil de cair no chão. Espantei as lágrimas e segui meu caminho. Não pude olhar pra trás. Então fui embora e chorei. Certa de que se o tempo não cura, pelo menos tira o incurável do centro das atenções.