21 de julho de 2010


Eu sou feita de sonhos interrompidos, detalhes despercebidos, amores mal resolvidos. Sou feita de choros sem ter razão, pessoas no coração, atos por impulsão. Sinto falta de lugares que não conheci, experiências que não vivi, momentos que já esqueci. Eu sou Amor e Carinho constante, distraída até o bastante, não paro por um instante. Já tive noites mal dormidas, perdi pessoas muito queridas, cumpri coisas não-prometidas. Muitas vezes eu desisti sem mesmo tentar, pensei em fugir, para não enfrentar, sorri para não chorar. Eu sinto pelas coisas que não mudei, amizades que não cultivei, aqueles a quem eu julguei, coisas que eu falei. Tenho saudade de pessoas que fui conhecendo, lembranças que fui esquecendo, amigos que acabei perdendo, Mas continuo vivendo.

- Martha Medeiros.

14 de julho de 2010




E eu ainda tinha muito que te dizer.
Talvez todas as coisas que eu já te disse,
As que eu ainda digo sempre que você me abre um espaço.
A verdade é que eu não tava pronta pra esquecer.
Iventei mil desculpas pra mim mesma,
várias razões pelas quais eu precisava de você aqui perto.
Mas a gente sempre sabe quando é hora de ir embora.
E na verdade, a minha hora até já passou.
Só não sei porque eu ainda não consegui ir.

9 de julho de 2010





De mãos dadas na areia, como se em direção ao fim do mundo.
A sensação do eterno martelava em seus corações.
Não existia nada que fosse capaz de roubar-lhes daquele amor.
A não ser eles mesmos. E foi assim.

6 de julho de 2010

Na moldura.


Foi quando me perguntaram porque a foto de nós dois
ainda tá na velha moldura no meu quarto.

Eu não soube responder.
Assenti com a cabeça, como quem diz: '- Por quê.'

Fiquei pensando então que teria sido esquecimento mesmo. Não foi.
Não foi falta de atenção. Tenho te visto ali todos os dias.
Confesso que pensei em mudar a foto
pra evitar que mais alguém me ferisse com a pergunta.

Mas reparei que nas fotos no meu quarto
moram apenas as minhas saudades sem remédio.

Amigos à km de distância, outros distantes do convívio,
o meu avô que já morreu. E você.

Pensando isso, senti que encontrei a resposta.
Minha Saudade. Deixa ser.

Você continua lá, na mesma moldura no meu quarto.
Na minha vida.



5 de julho de 2010



“Mas passou. Hoje te conto. E lembro daquela história zen, o rei que pediu ao monge um talismã que o protegesse de qualquer mal. O monge deu ao rei um anel, com a recomendação de abri-lo só em caso de extremo perigo. Um dia, o castelo foi cercado pelos inimigos, e o rei encurralado numa torre. Ele abriu o anel. Dentro, havia um papelzinho dobrado. Ele abriu o papelzinho e leu uma frase assim: ‘-Isto também passará’.”

- Caio Fernando Abreu.
“Tem coisas que um dia a gente aprende. Como que, chorar não resolve, falar pouco é uma virtude, se colocar em primeiro lugar não é egoísmo, e o que não mata com certeza fortalece (por mais que não pareça enquanto dói). Às vezes mudar é preciso, nem tudo vai ser como você quer, a vida sempre continua. Pra qualquer escolha se segue alguma conseqüência, vontades efêmeras não valem a pena, quem faz uma vez não faz duas necessariamente, mas quem faz dez, com certeza faz onze. Perdoar é nobre, esquecer é quase impossível. Nem todo mundo é tão legal assim, e de perto ninguém é normal. Quem te merece não te faz chorar, quem gosta cuida, o que está no passado tem motivos para não fazer parte do seu presente, não é preciso perder pra aprender a dar valor e os amigos ainda se contam nos dedos. Aos poucos você percebe o que vale a pena, o que se deve guardar pro resto da vida, e o que nunca deveria ter entrado nela. Não tem como esconder a verdade, nem tem como enterrar um amor que acabou, o tempo sempre vai ser o melhor remédio, mas seus resultados nem sempre são imediatos (e isso machuca muito). E o passado sempre vai doer, se não de saudade, de arrependimento. E aí, é você quem escolhe.”