22 de outubro de 2013

Quando soube.


Soube que havia chegado ao fim. Soube porque a tristeza se fez diferente. Soube porque foi a primeira vez que sentiu despedida. Despedida... Não como quem decide mudar de um lugar pro outro, levando na bagagem só o que é necessário, deixando pra trás o que não serve mais. Sentiu despedida como quem não tem chance de ficar, despedida como de quem se vai da vida, sem tempo nem razão pra fazer um último pedido. Pra nunca mais voltar. Soube que era o fim, porque não acreditava que, do outro lado fizesse sentido os pedidos que ficaram desfeitos, os sonhos que ficaram pendentes. E foram tantos. Tantos sonhos que nem podia mais mencionar. Não importa. Do outro lado, há de haver um mundo todo novo esperando pela gente. Há de haver um futuro com pedidos e sonhos novos pra buscar. Sentiu despedida, não como se se despedisse da vida, que convida todo dia a reviver, reinventar. Sentiu despedida como quem se despede de alguém dessa vida. De você nessa vida. Soube que havia chegado ao fim, porque chorou pela primeira vez como quem diz adeus. Foi quando a tristeza se fez diferente. Soube que chegara ao fim, porque o coração estava em paz. Porque já era tarde. Soube que chegara ao fim porque o coração agora havia partido. Pra outro lugar.


"Não, eu não me arrependi de nada.
Vida voa e o tempo é outro já.
Você mudou e eu também (...)."

 - Pavilhão de espelhos, Roberta Sá.
 

11 de janeiro de 2013

Demais.



Então eu estava certa. Estava certa todas as vezes que te falei: "Sobre você.. Eu te amo demais!" Eu já não lembrava do hábito. Mas minha mania de remexer no passado, nas lembranças palpáveis, me trouxe de volta minha declaração clichê pra você. Era assim que eu te escrevia. No fim da frase, sobre você, eu sempre soube. Te amava demais. Demais. E faz todo sentido. Demais não é bom. Não pode ser bom. As coisas precisam ser na medida certa, precisam ter uma medida certa. Demais nunca é bom. Quem come demais acaba engordando, quem faz regime demais acaba ficando doente, que bebe demais acaba arrumando confusão, quem dança demais ganha dor muscular no dia seguinte, quem lê demais fica com dor de cabeça, quem digita demais tem tendinite. Demais nunca é bom mesmo. Quem ama demais, se entrega demais, é feliz demais, tudo de uma vez. Tão demais que nem sobra pra depois. E aí sofre demais, chora demais, sente saudades demais. Demais não pode ser bom. Eu deveria saber disso. Porque depois de amar demais é difícil seguir em frente. Depois de amar demais parece impossível ser livre de novo. Porque amar demais marca demais, machuca demais e depois faz ter medos demais. E como a gente faz pra ser menos de novo? Eu não sei. Mas sobre você, ficaram incertezas demais. Demais não é bom. Nunca é bom.


- Porque eu resolvi seguir um sábio conselho, e colocar todo esse sentimento que não consigo nomear, em palavras, terminar e publicar todos os textos que estão incabados em rascunhos, e tentar acabar de vez com essa 'tristeza', que parece que nunca tem fim do lado de dentro. Não basta a alegria de fora, que eu reencontre a alegria de dentro. Mas antes, vamos lavar a alma. Do melhor jeito que sei fazer. Escrevendo.

(...)

3 de janeiro de 2013

Que nunca chegou a ser.



Sol, calor, compromissos e um trânsito de tirar a paciência de qualquer um. Olhava o nada pelo vidro da janela, quando alguma coisa me fez parar. Parar de respirar, parar de ouvir qualquer coisa ao meu redor. E um filme quase sem sentido,passou rápido pela minha mente. O prédio de pé. E um relógio girou na minha cabeça, dando voltas e voltas, me lembrando que o tempo passou pra nós. Eu nem vi, mas lá se foi o tempo, os nossos sonhos e boa parte de mim. O prédio estava ali, de pé, pronto pra receber acabamentos, cores e moradores. Seríamos um desses, se tudo tivesse ocorrido como esperávamos naquela noite em que assinamos o contrato de compra, e saímos pra jantar em comemoração. O riso fluía livre, e meu coração tentava não voar fora de mim de tanta expectativa. Era o começo de um sonho, de uma vida futura e talvez incrível. Que nunca chegou a ser. Dormimos juntos naquela noite, trocamos nossos corpos, nossas respirações, nossas juras de amor. Em mim ficou guardada cada frase que saiu da sua boca bonita, cada sorriso de conquista seu. Em mim ficou guardado o sentimento, que nunca mais vi igual. Fechei os olhos, e a imagem do terreno ainda apenas aplanado, pronto pra receber o alicerce, se formou na minha memória. Não faz tanto tempo pra mim. Mas já faz muito tempo. O prédio ganhou altura, ganhou vida e está bem perto de ser concluído. Imaginei a alegria dos que estão esperando por ele pra realizar um sonho, talvez tão cheio de amor como o nosso. Que nunca chegou a ser. Abri os olhos e senti as lágrimas escorrerem pelo rosto, me lembrando que ainda sinto, que sinto muito por tudo que quase fomos, pelo que quase conquistamos. Que sinto de verdade uma saudade sem medidas de tudo que fomos dentro do meu coração. Tão grande, tão alto, tão frágil, tão fácil de quebrar, fácil de cair no chão. Espantei as lágrimas e segui meu caminho. Não pude olhar pra trás. Então fui embora e chorei. Certa de que se o tempo não cura, pelo menos tira o incurável do centro das atenções.

25 de julho de 2012

Você vai se casar!


A verdade é que você vai se casar logo em breve. E claro que nada há de impedir que isso aconteça. Por quê? Simples. Porque a vida da gente não é a novela das sete em que na hora do sim, a outra chega na porta da igreja e  diz algo contra o casamento, que provavelmente deveria ter sido calado para sempre. Eu não vou no seu casamento. Mesmo tendo recebido esse convite ridiculo. Comentei sobre as cores? Não se usa mais essa combinação brega e sem elegância de vermelho com bege! Terrível! Era o mínimo que eu esperava dessa zinha com quem você escolheu dividir a vida.. e as contas. Mas o que eu espero não importa. Vamos ver se ela espera dividir com você até a sua conta no inferno, que aqui entre nós, anda bem alta! Sério, não quero parecer ressentida por você estar se casando com ela. Afinal ela sempre existiu, sempre esteve lá ocupando o banco da frente do seu carro, a cadeira ao seu lado nas reuniões familiares, nas festas dos amigos. Mesmo que o lugar na sua emoção sempre tenha sido meu. Mas a verdade é que caras como você, não escolhem mulheres como eu. Não pra viver a vida toda, ou pelo menos pra planejar isso! Não que eu não seja dessas pra casar, sou sim e você sabe. Eu seria uma mulher maravilhosa, do jeito que só alguém como eu sabe ser! Mas não pra você. Não pra alguém como você. Não nasci pra ficar em casa te esperando voltar do happy hour após o trabalho, pra desestressar! Não nasci pra fingir que não me importo onde você passa as suas noites. O problema é que conheço você, e isso me dá proteção suficiente pra nunca me apaixonar por você. Gostar eu não nego, gosto demais. Uma mistura de sentimentos absurda que nunca saberei explicar! Mas paixão, dessa que cega e faz a gente escolher as coisas e pessoas erradas, não. Nunca senti por você. Eu conheço seu jeito, seus defeitos, suas birras, suas grosserias, seu chamego e suas manias. É comigo que você dorme quando a semana foi cansativa e você quer esquecer os compromissos. Inclusive ela. Nunca a chamei pelo nome, já notou? Engraçado né?! Mas é que o suspense dá até um ar animado pra situação.. ELA.. E-L-A.. Dentro de você tão pouco. Na sua vida quase tudo. Pois é, você vai se casar e pra mim acaba aqui. Sempre te falei sobre casamento. Instituição sagrada, deixada por Deus. Eu não tenho esse direito. Nem quero esse pecado. Chega. Vai ser feliz nos braços dela. Dela.. Ou de outra, outra "outra" que não seja eu. Vamos ver o que você consegue! Bom, querido.. Você vai se casar e eu te desejo sorte e muita paciência pra aguentar o tédio, coisa que em nada combina com você. Mas você vai casar e a minha vida continuará a mesma! Seguirei sem você. Afinal, é assim que sempre foi.

19 de março de 2012

Da falta que faz quem você foi.




Me perguntam sobre você e já nem sei dizer. Não te perdi de vista, mas me perdi de você. Vasculho meu coração tentando interpretar o que sinto quando o assunto é você. Não te amo mais. Digo e repito, todos os dias. Talvez pra que eu mesmo possa acreditar nisso. Mas é que amor, meu bem, amor precisa da gente por perto, da gente alimentando nosso dia a dia, nossa vontade de abraçar o mundo inteiro e colocar o outro lá dentro. No meu caso, o outro é você. Mas é que você não está aqui entende?! Na verdade eu não sei nada sobre a falta que você faz. Mas sei muito sobre a falta que faz quem você foi. Já faz tanto tempo. Me falta você no meu dia a dia, nas minhas manhãs de chuva quando o teu abraço apertado me protegia da tempestade que escorria pela janela. Me falta você no supermercado quando procuro nutella pra comer com biscoito de madrugada. Me falta você no calçadão em dia de lua bonita. Me falta sua mão na minha quando eu caminho. Me falta o seu cheiro no travesseiro, no lençol, na minha roupa. Me falta você na fila do cinema, me falta você na balada de sábado com os amigos, quando o melhor amigo sempre foi você. Me falta você pra me levar pra casa, me perguntar o que quero comer e se aguento ficar acordada mais um pouco. Me falta você em meus dias tristes pra ouvir seu tom de voz calmo e confortante que me acolhia a alma inteira de uma vez só. Me falta você nos dias alegres, nas boas notícias que não te tenho mais pra dividir. Me falta você nas minhas birras, nas minhas crises, o seu colo. Me falta você nos programas de família, nos jantarzinhos surpresa, nas flores sempre diferentes. Me falta você no meu aniversário, na virada do ano, no meu álbum de formatura. Me falta você nas mensagens do meu celular, nas ligações que recebo antes de dormir. Me falta você quando o mundo tá girando lá fora e continua tudo parado aqui dentro. Nada permanece inalterado. Você nem é mais nada do que me falta.
Mas a falta que sinto é de você. É a falta que faz quem você foi.

26 de janeiro de 2012

As suas calcinhas.



Estive sentindo saudade daquelas suas calcinhas de bichinhos. Em especial aquelas com carinhas de gatinhos, ou borboletas em todas as posições geométricas. Não que eu tenha sentido saudade de você de calcinha. Ou nunca mais tenha visto calcinhas. Tenho visto muitas. Vermelhas, pretas, de renda branca, rosa choque com zíper, bolsinho de camisinha. Bem variadas. Bem sexys. Mas me deu saudade das suas, as de algodão com estampa de bichinhos que você tanto usava. Não que você não usasse calcinhas sexys. Ou que eu não achasse sexy as suas calcinhas de bichinhos. Você usava em datas especiais. Quando queria seduzir. Não é isso. Na verdade Tô tentando explicar e me enrolando todo pra dizer que a saudade que me deu foi da sinceridade que suas calcinhas me passavam. Só uma mulher que não tem nada a esconder deixa o cara que tá na sua cama a ver de calcinha de bichinhos. Sinto saudade delas. Da intimidade e da segurança que era ver você chegar cansada e deitar na cama de jeans e sutiã. Eu me aproximar e você se derreter toda enquanto tiro sua calça e encontro suas borboletinhas ali desenhadas. São a sua cara. Nunca mais vi borboletas como as suas. Nem gatinhos. Nem calcinhas com personalidade. Me deu saudade. Não sei bem se de você, ou das suas calcinhas. Talvez seja só saudade das noites sem lacunas na manhã seguinte.

27 de dezembro de 2011



Quem me conhece, sabe da minha paixão pela leitura. Então.. No meu aniversário, além de outros, eu ganhei o livro: FELIZ POR NADA, uma coletânea de crônicas sobre as coisas da vida, da incrível Martha Medeiros. Li a sinopse do Livro, o que já me atraiu bastante: "Geralmente quando alguém exclama "Estou muito feliz!" há sempre um porquê. Costumo torcer para que esta felicidade dure um bom tempo, mas as novidades envelhecem e não é seguro se sentir feliz por 'motivos'. Muito melhor é ser feliz por nada. (...)" Me fez pensar um pouco (ou muito) sobre a felicidade. Por falta de tempo, não devorei o livro imediatamente como gostaria. Mas aos poucos fui lendo, e ME APAIXONANDO. Martha Medeiros tem uma maneira peculiar de olhar a vida. Simples e incrível dentro de uma super complexidade. Eis que ontem, lendo a crônica A MELHOR COISA QUE NUNCA ME ACONTECEU (pág.82), pude refletir pelo olhar da autora, as tantas coisas que não me aconteceram e que graças a isso, pude viver outras experiências incríveis. Como diz o trecho: "(...) Fico imaginando as histórias que podem não ter acontecido com você. Namorar uma pessoa por anos e romper dias antes de subir ao altar: Não ter casado pode ser a melhor coisa que nunca te aconteceu. Vá saber o que o destino te ofereceu em troca. Ou você não ter passado num concurso. Não ter recebido a ligação que você tanto esperava. Foi a melhor coisa que nunca lhe aconteceu. É uma visão generosa da vida. Os não acontecimentos fazem diferença, você está onde está não só pelas escolhas que fez. Mas também pelas especulações que nunca se confirmaram. Assim, eliminamos a palavra derrota do nosso vocabulário e alma fica mais aliviada. O que não é pouca coisa nesse mundo em que tanta gente parece pesar toneladas devido ao mau humor e o pessimismo. (...)"

Boa reflexão nesse fim de ano! E que hoje você possa se sentir aliviado e agradecer pelas MELHORES COISAS QUE NUNCA TE ACONTECERAM. ;)

Que 2012 seja o ano que esperamos que seja, e que nas surpresas seja ainda melhor. Que traga maturidade e muito amor, por todas as coisas e pessoas que nos envolvermos! =D

Feliz ANO-NOVO!

27 de junho de 2011

A aliança no bolso.



"- Se acalma, essa talvez tenha sido 'a aliança no bolso', talvez você precisasse..."
Secou as lágrimas e olhou a amiga. Ela tinha razão, talvez fosse a aliança no bolso, e no fundo ela precisava mesmo encontrá-la. Já havia se passado muito tempo desde que não se viam mais um no outro, porém ela era incapaz de confessar que tinha mais medo de não ser mais dele, do que ser infeliz ao seu lado. Mas chega uma hora que a vida decide por si, e nós, nada podemos fazer além de driblar nossa urgência por explicações e lógicas que tragam algum sentido para a dor. Não existe sentido. Só o que existe é a dor, sem a menor explicação.
Ela sente pelo que ele fez, pelo que lhe disse, e por não ter se arrependido. E mais que a dor de todas as suas atitudes imbecis, é a dor de ver sua intenção em machucá-la. Ela que fez tanto. E não sobrou nada. Chora novamente, e pergunta a amiga se é justo ser assim. Nos doarmos em essencia e o retorno ser apenas o buraco que ficou.
Pra onde vai o amor quando tudo acaba? Temos o direito de saber?
Podia ser tanta coisa, qualquer coisa dessas coisas que vem e que passam. Mas quis ser amor. E eu passaria o resto da vida me perguntando, pra onde vai o amor quando tudo acaba? Foram tantas tentativas, tantos sussurros aos céus pra que algum milagre mudasse o rumo das coisas. Que alguma magia os fizesse retornar ao que foram um dia. Que um toque de qualquer-coisa-não-sei-quê o trouxesse de volta pra casa. Mas nada aconteceu.
Ela se lamenta, chora e pergunta onde tudo se perdeu, onde exatamente deixou de ser.
Eu perguntaria, será que um dia foi? Será que ele foi todas essas coisas que ela sempre viu nele, ou não passava de uma projeção de seu desejo por algo que precisava encontrar? Algo que ela precisava enxergar para desmentir suas teorias de que o amor se perdeu no tempo.
Eu diria que ela inventou e reinventou ele e a esse amor, tantas e quantas vezes foi preciso. Todas as vezes em que seu coração titubeou, ela reiventou e encontrou razões para não desistir. Porque no fundo, pra ela valia a pena. Afinal, quem mais iria cantar Jorge Ben Jor enquanto fazia as rabanadas mais doces do mundo no café da manhã, quem mais iria dividir uma tapioca doce e uma fanta na praia. Quem mais lhe explicaria as teorias cientifico-filosoficas do mundo, a origem dos partidos politicos e como funcionava a tabela de pontos do campeonato brasileiro. Quem além dele, ouviria a rádio educativa no fim da tarde, torcendo que tocassem alguma de João Bosco. Quem além dele faria amor repetidas vezes antes de dormir de conchinha em noites quentes sem ventilador. Quem mais riria da sua pronúncia do 'r', dos seus cabelos ao acordar, do seu café sempre ruim. Quem mais conseguiria fazê-la ter um aceso de riso com cócegas que ninguém sabia fazer igual. Quem além dele conseguiria fazê-la sentir-se a menina mais imatura e a mulher mais forte do mundo ao mesmo tempo. Quem mais conseguiria derreter seu coração no cair de uma lágrima de desculpas. Quem além dele marcaria sua vida com os melhores dias, com as melhores noites e histórias incríveis para contar pra sempre. Quem mais a faria sonhar de novo, com filhos, casa com jardim e cachorros. Com video-game de madrugada depois de uma transa café-com-leite só pra não esquecer que eram dois. Quem mais a enlouqueceria de preocupação com 18 horas de sono sem atender o celular. Quem mais a faria sentir que o mundo podia parar de girar se algo o acontecesse. Quem mais? Quem além dele destruiria tudo que foi construído em anos, em troca de uma aventura, que ninguém sabe se valerá a pena. Quem além dele trocaria a certeza eterna e intocável de que ela sempre estaria por perto, não importando a kilometragem que precisasse correr. Quem mais jogaria tudo pro alto sem pesar, sem dor, sem lamentações e na mais perfeita paz. Quem mais escolheria perder a única certeza. Quem além dele? Ninguém. Por que só alguém que foi a razão de tanta felicidade poderia causar tanto rancor.
Quanto a ela? Ela ainda chora. Porque descobriu que todos os amores do mundo têm prazos de validade e o seu estava vencido. A hora havia chegado. Era tarde. Seu coração havia partido... pra outro lugar.


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12 de maio de 2011


“Então você está confusa com seus sentimentos. Ele apareceu tão de repente na sua vida, com aquele brilho manso no olhar, com aquela meiguice na voz, sem pedir coisa alguma, meio como um Pequeno Príncipe caído de um asteróide. A princípio você nada percebeu de diferente. O susto veio quando você se lembrou das palavras da raposa, explicando ao Pequeno Príncipe o que era ficar cativo: É assim. A princípio você senta lá e eu aqui. Depois a gente vai ficando cada vez mais perto. Os passos de todos os homens me fazem entrar dentro da minha toca. Mas os seus passos me fazem sair…”

- Antoine de Saint-Exupéry.

11 de março de 2011

03 de Janeiro.


Eu teria tantas coisas pra te dizer. Era o primeiro dia do ano, e a meia-noite era o seu abraço que eu queria sentir. E foi você que meu pensamento encontrou quando eu vi os fogos explodirem no céu. Eu fechei meus olhos e agradeci a Deus por você ter existido em mim até ali. E te devolvi a Ele.

Eu fui teimosa, até egoísta, e lutei por você, com tamanha determinação, com a qual eu nunca quis nada na minha vida inteira. Eu tive tantas certezas a seu respeito. Uma delas era que você nunca iria embora. Confiei a você os meus dias, as minhas alegrias, os meus sonhos, as minhas declarações de amor. Eu tinha certeza que você nunca iria embora. Confiei a você as minhas crises, os meus defeitos, os meus chamegos e a minha pele.

Eu tinha tanto medo antes. Mas você apareceu. Aos poucos me fez sentir que o seu amor era tão grande. Eu me senti salva. Como se a vida inteira eu tivesse esperado por alguém. Eu tive certeza de que era você. E de que era pra sempre. Mas não foi.

2011 chegou. Promessas de finais e tantos novos começos. Tanta coisa, que me dá medo. Uma delas é você. Infelizmente, acredito que não há mais nada a ser feito. Irreversível. Como a morte. Porque no fundo, alguma coisa realmente morreu. Se eu acreditasse em outras vidas. Ainda esperaria você.

Você vive dizendo que o tempo cura. Pra mim, o tempo levanta paredes em torno das coisas mais profundas. O tempo constrói muros inalcançáveis ao nosso redor. De onde ficaremos presos, desde aquele dia e pra sempre. Como se cada dia, uma fileira de tijolos fosse colocada. E não tem fim. É esse o trabalho do tempo.

O tempo levou com ele os nossos sonhos, o nosso dia-a-dia, levou ‘nós dois’. Não tem volta. E mesmo aos pedaços, eu preciso ir, porque não adiantaria juntar os cacos. Sempre vai existir alguém pra quebrar tudo de novo.

Quero que saiba que eu não vou te esquecer. Você estará pra sempre no meu relicário.

Eu me lembrarei de você, até nos confins da terra.



- O velho amor, ainda e sempre.